programa: habitação multifamiliar
área construída: 70.500m2
local: sol nascente, DF
status: 2o lugar em concurso de arquitetura
ano: 2016
equipe: Felipe Guimarães, Priscila Coli e Caue Capillé
Cidade e habitação
Habitar é um verbo que se conjuga em intimidade, vizinhança e cidade. Em outras palavras, entendemos que ao fazer habitação, fazemos cidade. Com efeito, para além de abrigar adequadamente a demanda por habitações na Região Administrativa de Ceilândia, o presente projeto para Sol Nascente procura catalisar urbanidade em uma área de baixa densidade, principalmente através da disposição programática no térreo, da morfologia em blocos e da integração entre exterior/interior. Desse modo, o projeto ambiciona dar suporte a transformações de melhoria urbana mesmo após a sua implementação.
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Térreo e convívio
Os edifícios propostos funcionam como infraestruturas de articulação urbana. Por um lado, respondem ao movimento das ruas principais através da criação de espaços para comércio, visando intensificar e garantir o florescimento de uma economia local. Por outro, atuam como conexão entre diferentes partes do bairro e, através das praças e pátios semi-públicos, proporcionam integração social e sentimento de pertencimento. Cabe notar o protagonismo do pedestre no projeto de espaços públicos, estimulando o convívio e a troca. Tivemos o cuidado para que a edificação proposta respeitasse a noção de público e privado, que comumente corresponde ao res do chão (público) e pavimentos superiores (privado), mas procuramos diluir essa separação rígida no térreo. Moradores e transeuntes interagem através da fluidez visual e espacial entre pátios semi-públicos, calçadas e praças. Como dissemos, um programa de habitação é capaz de funcionar como mecanismo de reestruturação urbana e social, oferecendo novas maneiras de morar, de se locomover, de estar no espaço público, de ser cidadão.
Economia e ambiente
Os edifícios intercalam lâminas de três pavimentos (voltadas para as ruas locais) e quatro pavimentos (ruas principais), de modo a formar uma sequência de quatro blocos perpendiculares uns aos outros. São projetados 140 apartamentos em todo o conjunto (lotes B1 e B2). Os vazios gerados entre os prédios garantem vista desimpedida, atravessamento de ventos predominantes e iluminação natural a todos apartamentos. Os vazios também geram pátios internos por entre os blocos: áreas de convívio dos moradores. Foram adotados diversos dispositivos corretores do excesso de insolação foi assegurada a ventilação cruzada em todas as unidades residenciais. As faces mais castigadas pelo sol foram protegidas com quebra-sol de diferentes tipos: venezianas de alumínio, cobogós cerâmicos e recuos formados pela disposição do próprio edifício.