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Casa pátio linear
Habitar é um verbo que se conjuga em intimidade, vizinhança e cidade. Em outras palavras, entendemos que fazer habitação implica não somente nas dinâmicas internas de uma casa, mas também em cidade e convívio. Assim, o presente projeto procura atender às demandas por habitação no DF e, ao mesmo tempo, catalisar urbanidade com uma tipologia de baixo gabarito. Esse ‘duplo desempenho’ está presente em todo o projeto – desde o partido formal e distribuição de funções internas, até os detalhes técnico-construtivos. Em especial, três estratégias projetuais convergem nesse sentido: a capacidade de expansão incremental, o partido formal linear e os três pátios. A dinâmica incremental age como catalisadora de positivo adensamento urbano e variação tipológica, incluindo moradores como participantes do projeto de habitação. O partido formal linear, além de otimizar os sistemas infraestruturais, facilitar a implementação em diferentes lotes e organizar áreas sociais e íntimas da casa, produziu interessante alinhamento com a rua, contribuindo na formação de uma paisagem urbana viva: economia local também depende de adequada morfologia urbana, que gere oportunidade de convívio. Os pátios trazem iluminação e ventilação e expandem variadas funções da casa: morar não se limita à metragem interna, pois inclui (visual e funcionalmente) toda a área do lote, multiplicando o investimento de implementação do projeto: os moradores utilizam mais que o dobro da área construída.
programa: habitação unifamiliar
área construída: 9.120 m2
local: Distrito Federal
status: 1o lugar em concurso de arquitetura
ano: 2017
equipe: Felipe Guimarães, Priscila Coli e Caue Capillé
O edital do concurso coordenado pela CODHAB-DF pedia o projeto de residências incrementais divididas em duas tipologias; casa térrea e casa sobreposta, sendo que a primeira serviria de embrião para a segunda. O Edital previa também que o futuro acréscimo se daria através de um único quarto, o que representa apenas 15% do total da casa. O terreno não era dado, deveria se projetar para um espaço amostral escolhido pelos competidores.
PROPORÇÃO DOS LOTES
Os lotes do Distrito Federal têm frequentemente uma proporção de 1/3 (frente/profundidade), sendo comumente bastante estreitos, chegando a ter cerca de 5,50m de largura.
DINÂMICA INCREMENTAL
Através da estratégica localização de aberturas e de método construtivo autoportante, as tipologias elaboradas dão suporte para o aumento incremental de cômodos e funções, por parte dos moradores.
CASA LINEAR
A fim de garantir que as tipologias projetadas pudessem se adequar para a maior quantidade de lotes possíveis, tiramos partido dessa condição formal dos lotes do DF e organizamos a casa em forma linear, podendo funcionar mesmo em lotes estreitos.
TRÊS PÁTIOS
Os três pátios formados foram devidamente pensados como parte integrante da disposição arquitetônica: cada um tem funções próprias e colabora para aumentar a percepção espacial dos ambientes, além de trazer ventilação e iluminação.
ÍNTIMO / SOCIAL
A tipologia linear criou uma interessante setorização entre áreas íntimas(fundos) e áreas sociais (frente para a rua), separadas por um pequeno pátio que garante ventilação cruzada para sala e cozinha, ventila o banheiro e cria um corredor iluminado para os quartos.
FACHADA-FILTRO
O contato com a rua tem duas camadas: tela e janela. A fachada serve, assim, como filtro entre o espaço público e o interior das casas, garantindo, ao mesmo tempo, a formação de uma paisagem urbana viva, feita de contato, uso e vizinhança.
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Tipologia 1 – habitação unifamiliar econômica
Tipologia ‘embrião’ do projeto. A casa setoriza áreas sociais e áreas íntimas linearmente. Áreas sociais têm frente para a rua e para pátio lateral. Áreas íntimas estão voltadas para os pátios dos fundos. Estas áreas estão separadas por um pequeno pátio que garante ventilação cruzada para sala e cozinha, ventila o banheiro e cria um corredor iluminado para os quartos.
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Os três pátios são parte integrante da disposição arquitetônica: cada um tem funções próprias e colabora para aumentar a percepção espacial dos ambientes, além de trazer ventilação e iluminação.
Através da estratégica localização de aberturas e de método construtivo autoportante, a arquitetura proposta dá suporte para o aumento incremental de cômodos e funções, por parte dos moradores.
A casa pode ser construída em lotes de variados tamanhos, mesmo se extremamente estreitos (até 5.50m de largura). Pode, também, ser afastada da rua caso haja necessidade em legislação específica de algum local.
(*) Todo o projeto, incluindo sua adaptação para PCD segue o Código de Edificações do Distrito Federal (Decreto nº 19.915/98)
Pátio
Diferente da ‘casa solta no lote’, onde áreas externas são apenas resíduo de um projeto alheio ao seu contexto, a casa-pátio inclui ambientes exteriores como parte integrante da disposição arquitetônica: cada pátio tem funções próprias e colabora para aumentar a percepção espacial dos ambientes, além de trazer ventilação e iluminação.
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O morar não se limita à metragem interna, pois inclui toda a área do lote, multiplicando o investimento de implementação do projeto: são 43m2 construídos, mas os moradores utilizam mais que o dobro desta área.
De fato, cada pátio têm funções próprias. O pátio lateral funciona como área de expansão das atividades da casa – além de área para o potencial crescimento incremental de cômodos e funções. O pátio interno, além de separar às áreas sociais das íntimas e ventilar e iluminar cômodos adjacentes, tem funções infraestruturais para o sistema de reaproveitamento de água da chuva. O pátio dos fundos expande a intimidade residencial para um contato com o exterior, criando uma área íntima a céu aberto.
Além disso, os pátios funcionam como expansão visual dos ambientes internos: a cozinha, por exemplo, é visualmente duas vezes maior do que sua área real. Essa expansão visual é extremamente positiva no contexto de habitação de interesse social, onde consegue-se promover qualidade espacial, mesmo em áreas construídas compactas. Nessa expansão visual dos ambientes, a vegetação se torna paisagem comum do dia-a-dia. Além disso, a vegetação e arborização contribui inclusive para uma melhoria do micro-clima local.
Tipologia 2 – casa sobreposta
Tipologia formada por duas casas com acessos independentes. A escada para o segundo pavimento conforma uma pequena área comum às duas casas – espaço que estimula o contato de vizinhança, podendo ser utilizado como estacionamento de bicibletas, por exemplo.
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Áreas sociais têm frente para a rua e para pátio lateral. Áreas íntimas estão voltadas para os pátios dos fundos. Estas áreas estão separadas por um pequeno pátio que garante ventilação cruzada para sala e cozinha, ventila o banheiro e cria um corredor iluminado para os quartos.
Os três pátios são parte integrante da disposição arquitetônica: cada um tem funções próprias e colabora para aumentar a percepção espacial dos ambientes, além de trazer ventilação e iluminação.
Através da estratégica localização de aberturas e de método construtivo autoportante, a arquitetura proposta dá suporte para o aumento incremental de cômodos e funções, por parte dos moradores.
A casa pode ser construída em lotes de variados tamanhos, mesmo se extremamente estreitos (até 5.50m de largura). Pode, também, ser afastada da rua caso haja necessidade em legislação específica de algum local.
(*) Todo o projeto, incluindo sua adaptação para PCD segue o Código de Edificações do Distrito Federal (Decreto nº 19.915/98)
FUNÇÕES EXPANDIDAS DA CASA
Pátios funcionam como extensão visual e funcional da casa, articulando e filtrando o contato com exterior.
Método construtivo
O método construtivo da ‘casa-embrião’ consiste em bloco de concreto estrutural (autoportante). Entre as muitas vantagens desse método, podemos citar: agilidade na obra, redução da quantidade de mão de obra necessária (pois já funciona como parede acabada), redução do desperdício na obra (sem fôrma).
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Participação local
O sistema construtivo proposto, bem como os materiais estruturais e de revestimento escolhidos, facilitam a participação local na mão de obra e fornecimento de materiais. Dessa forma, o projeto contribui para o desenvolvimento social sustentável com o seu entorno, reduzindo gastos de transporte para a obra e fortalecendo a economia local.
Sustentabilidade ambiental e social
O projeto é concebido para responder a demandas ambientais e sociais do local. Considerando o clima predominante da região, a preocupação com ventilação foi uma das principais diretrizes de projeto. As tipologias contam ampla ventilação cruzada e iluminação natural em todos os ambientes. Contam ainda com sistemas de coleta e reuso da água da chuva, contribuindo assim com a redução sobre a infraestrutura do bairro através da desaceleração de águas de chuva. Além disso, a vegetação e arborização contribui inclusive para uma melhoria do micro-clima local.
PROCESSO SUGERIDO PARA EXPANSÃO INCREMENTAL
Sugere-se utilizar método construtivo semelhante ao da casa ‘original’, para que haja maior otimização e facilidade de manutenção.
1) estrutura em blocos de concreto autoportante dão continuidade à modulação existente na casa;
2) laje pré-fabricada, orientada no sentido longitudinal ao terreno, elimina a necessidade de reforços estruturais;
3) A esquadria de alumínio pode ser retirada de sua posição original e servir como janela do quarto expandido.
Dinâmica Incremental
Através da estratégica localização de aberturas e do método construtivo autoportante, as tipologias elaboradas dão suporte para o aumento incremental de cômodos e funções, por parte dos moradores. Os ambientes ‘originais’ da casa atendem as medidas mínimas exigidas pelo programa de necessidades sem comprometer a qualidade dos espaços e a acessibilidade. A potencial expansão incremental foi pensada de forma a contribuir positivamente na organização de espaços, mantendo as mesmas lógicas de circulação e interrelação entre áreas íntima e social. Desse modo, as residências ‘expandidas’ garantem uma positiva densidade demográfica sem abrir mão de conforto e privacidade.
FACHADA-FILTRO
A fachada foi concebida como espaço de integração e transição entre o movimento das ruas e a rotina mais íntima do interior das casas – e como infraestrutura de amenização climática.
A fachada serve, assim, como filtro entre o espaço público e o interior das casas, garantindo, ao mesmo tempo, a formação de uma paisagem urbana viva e sustentável.
1) A tela serve para reduzir a insolação, além de filtrar a visão do espaço interno, garantindo ventilação e iluminação abundantes.
Serve, também, como suporte para plantas.
2) A tela metálica pode ser aberta com sistema tipo ‘camarão’